domingo, outubro 25, 2009

Pare, Escute e Olhe, um filme de Jorge Pelicano (2)


Sobre o filme:

O interior de Portugal, concretamente e região de Trás-os-Montes, voltou a captar a sensibilidade do realizador Jorge Pelicano.

Tendo a linha do Tua como fio condutor, entre Bragança e Foz Tua, “Pare, Escute, Olhe” comporta duas realidades: troço desactivado e o troço activo.

No primeiro, o comboio já não circula, os autocarros que vieram substituir os comboios há muito que desapareceram, aldeias sem um único transporte público, isoladas.

No troço activo, o anúncio da construção de uma barragem no Foz Tua, encaixada num património natural e ambiental único, ameaça o que resta da centenária linha.

O documentário começa com recuo temporal para ajudar a perceber as causas do despovoamento e as medidas tomadas em torno da questão da via-férrea do Tua: as promessas políticas, o encerramento da Linha do Tua entre Bragança e Mirandela (1991), o ‘roubo’ das automotoras pela calada da noite (1992), o fim do serviço público dos transportes alternativos.

Quinze anos depois, em 2007, no troço desactivo as aldeias estão isoladas e despovoadas. Durante os dois anos de filmagens (2007 a 2009), no troço activo, sucessivos acidentes, o anúncio da barragem, a incúria dos responsáveis na manutenção da linha, marcaram os acontecimentos.

“Pare, Escute, Olhe”, é um documentário interventivo, assume o ângulo do povo para traçar um retrato profundo de Trás-os-Montes. Por isso, a história, não tem propriamente um personagem principal, mas vários: utilizadores assíduos do comboio que necessitam do transporte para ir ao médico ou simplesmente comprar um litro de leite, um activista defensor da linha, um escritor transmontano que nos conduz às entranhas do vale do Tua, um ex-ferroviário que vive numa estação activa, uma autêntico sabedor das notícias da região.

A acção desenrola-se em Trás-os-Montes, Lisboa (centro de decisões do poder central) e Suíça, um bom exemplo de rentabilização e aproveitamento das vias-férreas para o turismo e serviço às populações.

O som ambiente capturado por Filipe Tavares e Joaquim Pinto, dois reconhecidos profissionais da área, transportam-nos para cada plano, como se estivesse-mos naquele lugar, naquele momento.

O documentário conta com uma banda sonora original da autoria de Manuel Faria, Frankie Chavez e Francisco Faria.

“Pare, Escute, Olhe”, tal como o próprio título indica, é um convite à reflexão, parar sobre aquela realidade, escutar as pessoas e as suas reivindicações, olhar para as consequências.

O grande vencedor do Doclisboa foi Jorge Pelicano com a longa-metragem ‘Pare, Escute, Olhe’ que se desenvolve em torno do encerramento de parte da linha do Tua e de um Portugal vítima de promessas políticas oportunistas. O anúncio do Palmarés foi feito este Sábado na Culturgest, em Lisboa.

“É uma felicidade muito grande, mas é também tempo de reflectir sobre o conteúdo do documentário”, disse, Jorge Pelicano ao receber ontem também três prémios no Cine’Eco, em Seia – Grande Prémio Ambiente, Prémio Especial da Juventude e Prémio Especial de Lusofonia.

Na competição internacional, o Grande Prémio Cidade de Lisboa para melhor longa-metragem foi atribuído ao documentário ‘Petition’ de Zhao Liang. O prémio CGD para melhor primeira obra foi atribuído ao documentário October Country de Michael Palmieri e Donal Mosher que examina a violência latente na sociedade americana. O documentário ‘Mirages’ de Olivier Dury foi distinguido como melhor média-metragem e ’10 min’ de Jorge Léon como melhor curta-metragem.

Na competição portuguesa, ‘Pare, Escute, Olhe’ de Jorge Pelicano foi distinguido para o Prémio Tobis para melhor longa-metragem, Prémio para melhor montagem e Prémio IPJ Escolas para o melhor filme da Competição Portuguesa.

Na categoria investigações, o Prémio SIC Notícias para melhor documentário de investigação foi para ‘The Revolution that wasn´t’ de Aliona Polumina que evidencia a queda das ideologias humanistas da ex-União Soviética.



Biofilmografia - Jorge Pelicano

Tem 32 anos, é natural da Figueira da Foz.

Licenciado em Comunicação e Relações Públicas, frequenta actualmente o mestrado de Comunicação e Jornalismo, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Profissionalmente, é repórter de imagem da Sic Televisão.

“Ainda há pastores”, foi o seu primeiro filme documentário que, até ao momento, arrecadou 14 prémios nacionais e internacionais:

Prémio “Lusofonia”,Cine Eco 2006, Seia, Portugal

Menção Honrosa do Júri da Juventude, Cine Eco 2006, Seia, Portugal

Prémio “Atlântico”, Play-Doc 2007, Tui, Espanha

Prémio Imprensa Caminhos do Cinema Português 2007, Coimbra, Portugal

Prémio “Cora Coralina” (Melhor filme), FICA 2007 Brasil

Prémio Zumballe Melhor Documentário – MIVICO 07, Ponteares, Galiza.

Menção Especial no 2º Festival Internacional de Cine Documental de la Ciudad de México.

Prémio Green Award, EFFN – Environmental Film Festival Network 07, Torino, Itália.

Prémio Secção Transfonteirica “Melhor documentário”, EXTREMA DOC 07, Cáceres, Spain

Prémio Melhor Documentário, Katmandhu, Nepal

Prémio Televisão da Eslováquia, Etnofilm Festival 08, Bratislava, Eslováquia

Prémio do Público, Canada's Portuguese Film Festival 08, Toronto, Canada

2º Classificado , Categoria documenário, Ecologico International Film Festival. Lecce, Italia

Menção Especial do Júri, Festival del Documentário d´Abruzzo, Itália, 2009


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