domingo, novembro 22, 2009

ONU diz que conter a população ajudaria no combate às alterações climáticas


Conter a população mundial pode ser tão eficaz no combate às alterações climáticas como construir milhões de aerogeradores para a produção de electricidade a partir do vento, defende o Fundo das Nações Unidas para a População.

“Reduzir o aumento da população ajudaria a aumentar a resiliência da sociedade às alterações climáticas e a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa no futuro”, diz a organização, num comunicado sobre o relatório Estado da População Mundial 2009, hoje divulgado.

O relatório aborda especificamente as relações entre a população e as alterações climáticas, com ênfase particular sobre as mulheres. “É verdadeiramente a primeira vez que uma agência das Nações Unidas se debruça sobre os laços entre população e mudança climática”, disse à agência noticiosa AFP Bob Engelman, um dos autores do estudo e vice-presidente do Worldwatch Institute, organização não governamental com sede em Washington.


O documento sustenta que se a população crescer até oito mil milhões de pessoas até 2050 – e não nove mil milhões, que é a projecção média das Nações Unidas – seriam evitadas emissões de gases com efeito de esfufa equivalentes a um a dois mil milhões de toneladas de dióxido de carbono. O mesmo efeito poderia ser conseguido, por exemplo, se fossem instalados dois milhões de aerogeradores com um megawatt de potência – o que equivale a multiplicar por 17 a capacidade mundial actualmente instalada em energia eólica.

O relatório chama a atenção para os movimentos migratórios que as alterações climáticas podem provocar, à medida que populações vulneráveis deixem zonas inundáveis, áridas ou inóspitas. Cerca de 200 milhões de pessoas poderão passar à condição de refugiados climáticos até 2050.


As mulheres estão também no centro da análise do Fundo das Nações Unidas para a População. “As mulheres, em particular nos países mais pobres, serão afectadas de forma diferente dos homens”, diz a organização. O relatório considera que as mulheres asseguram 60 a 80 por cento da produção de alimentos nos países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, tendem a ter a família e a habitação ao seu cargo, o que limita a sua mobilidade, tornando-as mais vulneráveis a extremos climáticos.

“A conexão próxima entre género, produção alimentar e alterações climáticas merece muito mais atenção do que a que actualmente recebe”, diz o fundo da ONU.


Os acordos internacionais sobre o clima teriam melhor hipótese de resultar se tivessem em conta “a dinâmica da população, as relações entre os sexos e o bem-estar das mulheres", diz o trabalho, publicado 20 dias antes da cimeira sobre o clima que as Nações Unidas realizam em Copenhaga.


O relatório recorda que a transição para uma curva demográfica mais branda depende da promoção da igualdade de géneros e de maior acesso das mulheres à educação e saúde reprodutiva.

Fonte: Público, AB

1 comentário:

Edson Moura disse...

Olá Mário! Cara já lí alguns de seus artigos e confesso que são ótimos. tenho usado muito os temas que você aborda, como o da teoria do deslocamento da crosta, para dar continuidade ao meu livro.

Sempre que puder vou passar por aqui e pesquisar neste blog (pois é isto que ele é, uma fonte de pesquisa, muito rica).

Já deixei uma janela que direciona para este blog num dos meus, acredito que as pessoas que por lá passam se identificarão muito com este espaço.

Parabéns pelos posts.

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