quinta-feira, abril 26, 2012

Os Donos de Portugal, o livro e o documentário que toda a gente fala


Donos de Portugal é um documentário de Jorge Costa sobre cem anos de poder económico. O filme retrata a protecção do Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas estratégias de conservação de poder e acumulação de riqueza. Mello, Champalimaud, Espírito Santo – as fortunas cruzam-se pelo casamento e integram-se na finança. Ameaçado pelo fim da ditadura, o seu poder reconstitui-se sob a democracia, a partir das privatizações e da promiscuidade com o poder político. Novos grupos económicos – Amorim, Sonae, Jerónimo Martins - afirmam-se sobre a mesma base.
No momento em que a crise desvenda todos os limites do modelo de desenvolvimento económico português, este filme apresenta os protagonistas e as grandes opções que nos trouxeram até aqui. Produzido para a RTP 2 no âmbito do Instituto de História Contemporânea, o filme tem montagem de Edgar Feldman e locução de Fernando Alves.
A estreia televisiva teve lugar na RTP2 a 25 de Abril de 2012. Desde esse momento, o documentário está disponível na íntegra em www.donosdeportugal.net.
Donos de Portugal é baseado no livro homónimo de Jorge Costa, Cecília Honório, Luís Fazenda, Francisco Louçã e Fernando Rosas, publicado em 2010 pelas edições Afrontamento e com mais de 12 mil exemplares vendidos.
Leiam o que Jorge Costa escreveu sobre Champalimaud para saberem como se constrói uma fortuna antes e depois do 25 de Abril. Uma pequena parte de uma investigação colectiva que será lançada em livro na próxima semana: “Os Donos de Portugal”. Jorge Costa, Cecília Honório, Luís Fazenda, Francisco Louçã e Fernando Rosas são os autores. Podem ler um capítulo do livro na Vírus e um resumo de outro capítulo na Visão. Da história à economia política, passando pelo jornalismo: interdisciplinar como se quer. Podemos esperar um contributo para um retrato histórico do capitalismo português sem romances de mercado, mas antes com muito poder e muitas redes sociais à mistura e o vício de uma certa forma de acumulação. Não é defeito, é feitio. O dinheiro, por muito concentrado que esteja e por muitas, e pouco republicanas, capacidades que tenha de se transformar em poder político, ainda não determina a memória. Esta também é necessária para superar um Estado dependente dos especuladores e da lumpemburguesia, o Estado das engenharias neoliberais...
Este livro apresenta os donos de Portugal e faz a história política da acumulação de capital ao longo dos anos que vão de 1910 a 2010. Descobre-se a fortuna nascida da protecção: pelas pautas alfandegárias contra a concorrência, pela ditadura contra as classes populares, pela liberalização contra a democracia na economia. Esta burguesia é uma teia de relações próximas: os Champalimaud, Mello, Ulrich, entre outros, unem-se numa mesma família. Os principais interesses económicos conjugam-se na finança. Esta burguesia é estatista e autoritária: o seu mercado é o Estado e depende por isso da promiscuidade entre política e negócios. Os Donos de Portugal retrata também um fracasso monumental: o de uma oligarquia financeira incapaz de se modernizar com democracia, beneficiária do atraso, atraída pela especulação e pelas rendas do Estado e que se afasta da produção e da modernização. Ameaçada pelo 25 de Abril, esta oligarquia restabeleceu-se através de um gigantesco processo de concentração de capital organizado pelas privatizações. Os escândalos do BCP, do BPN e do BPP revelaram as faces da ganância. Este livro demonstra como os donos de Portugal se instalam sobre o privilégio e favorecimento.

Donos de Portugal, leia o livro da Afrontamento e veja o documentário:

1 comentário:

Fada do bosque disse...

Olá Mário,

Era bom que também contasem a verdade toda, como faz o Frederico Duarte de Carvalho e que resolvi divulagar no post intitulado Ainda há coragem em Portugal, de um dos "últimos samurais"! Isto de só se contar meias verdades, não leva a lado nenhum, mas enfim...
Um abraço

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...