segunda-feira, agosto 26, 2013

Tensão radioactiva em Fukushima Daichi

 O Japão elevou o nível de alerta por causa de uma fuga de água contaminada na central nuclear de Fukushima. Numa escala de zero a sete, o incidente foi agora classificado com o nível três, a que corresponde a classificação de incidente grave.
Trezentas toneladas de água contaminada com níveis perigosamente elevados de radiação escaparam de reservatórios situados naquela central nuclear que foi devastada por explosões, na sequência do terramoto e tsunami de Março de 2011. É a situação mais grave desde esse acidente de há dois anos, classificado como o pior acidente nuclear desde o de Tchernobil, em 1986.
"A julgar pela quantidade e pela densidade da radiação na água contaminada que escapou, é apropriado elevar o nível de alerta para o nível três", lê-se num documento divulgado pela agência que superintende o nuclear no Japão. Na altura do acidente, o nível de alerta fixado foi o nível sete, o máximo.
A fuga foi detectada pela empresa responsável pela central, a Tepco, levando o regulador nipónico para o nuclear a tomar medidas de maior alcance. A primeira foi elevar o nível de alerta – o que já provocou uma reacção do Governo chinês que, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, se declarou "chocado" com o facto de, dois anos depois do acidente nuclear, o Japão não conseguir ainda conter qualquer fuga radioactiva.
Pequim "espera que o lado japonês consiga seriamente tomar medidas para pôr fim ao impacto negativo das consequências do acidente nuclear de Fukushima"; disse o governante, numa declaração à agência Reuters.
Estima-se que seja a quarta grande fuga de água radiactiva na central nuclear de Fukushima.
Um funcionário descobriu a fuga e as autoridades declararam primeiro que se tratou de incidente de nível um – o mais baixo –, embora esta seja a primeira vez que o fazem desde o sismo e tsunami de 2011. A Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos, começa em 0 (sem significado), passa pelos níveis 1 a 3 (“incidentes”) e atinge o topo entre 4 a 7 (acidentes).
Um responsável da Tepco explicou que a água provavelmente escapou de um tanque, depois de ter passado uma barreira de cimento.
A agência japonesa Kyodo revelou que esta água está a emitir 100 millisieverts de radiação por hora, o que, segundo o director-geral da Tepco, é equivalente à exposição a que um trabalhador da central está sujeito em cinco anos. “Podemos dizer que o nível de radiação é suficientemente elevado para dar alguém uma dose de radiação de cinco anos em apenas uma hora”, explicou à Reuters Masayuki Ono.
Atingida pelo sismo e pelo tsunami de 11 Março de 2011 no Japão, a central de Fukushima ficou sem os seus sistemas de arrefecimento e foi palco de uma série de explosões, de fusão de combustível nuclear e de libertação de material radioactivo. Foi o segundo maior desastre nuclear, superado apenas por Tchernobil.
Ao longo dos últimos dois anos, a Tepco teve de resolver a questão central do arrefecimento dos reactores. Mas uma série de outros problemas estão ainda longe de estarem solucionados, entre eles o da água contaminada.
A sua origem estará provavelmente relacionada com a mistura de água subterrânea que drena naturalmente das montanhas com água fortemente contaminada que inundou a rede de condutas no subsolo da central de Fukushima – resultante de fugas próximas dos reactores na sequência do acidente.

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